Causa-me indignação tanta falta de ética e de sensibilidade por parte de pessoas que se voltam para contestar algo INCONTESTÁVEL. O que a cantora Maria Bethânia contribui para a disseminação da cultura brasileira não há preço que pague: poesia é IMPAGÁVEL. É de lamentar a postura de alguns em relação à aprovação da liberação para CAPTAR recursos, pela Lei Rouanet, para um projeto tão promissor e legítimo que a nossa maior representante da Música Popular Brasileira se envereda. Não serão esses questionamentos mesquinhos que vão ofuscar a grandeze e brilho de uma ação tão necessária ao Brasil e ao mundo. Sabemos que a repercussão de um projeto nesse nível de excelência e seriedade, marca sempre registrada em Maria Bethânia, só vem a legitimar sua preocupação com a formação cultural brasileira.
Quantos alunos da rede pública de ensino vão poder ter acesso a um mundo poético diariamente e se emocionar na descoberta da leitura e de suas realidades? Quantos professores utilizarão esse instrumento em suas aulas através do ambiente virtual? É preciso que essas pessoas nocivas à cultura e que estão veiculando absurdos contra Bethânia, comecem a refletir na contribuição que um projeto de tamanha envergadura promova o hábito do brasileiro em ler poesia. Está confirmado através de pesquisas institucionais que o Brasil carece de leitura. O baixo índice de leitura é responsável pelo insucesso do Brasil no ranking dos países que mais investem em educação. Os alunos necessitam urgentemente de um mecanismo para despertar o seu potencial para escutar e ler textos. Nada mais viável do que esse grandioso projeto pensado de forma tão cuidadosa por Hermano Vianna. De acordo com Vianna há [...] "uma carência enorme de literatura de língua portuguesa na internet. [...] Foi pensando nisso, e querendo que a poesia e a prosa da nossa língua tenham melhor presença no ciberespaço, que tomei coragem de propor para Maria Bethânia uma ideia que pensava ser de utilidade pública". Urge, imediatamente, que ergamos as nossas considerações, como profissionais da educação de ensino superior federal, rechaçando essas equivocadas declarações de pessoas sem a menor sensibilidade para a difusão da poesia enquanto instrumento de cidadania.
Seria muito bom lembrar a contribuição já consumada por Maria Bethânia em seus discos de carreira no que se refere a textos proferidos e sempre aclamados pela crítica e pelas plateias do mundo inteiro. Textos que trazem o mais refinado teor da literatura brasileira e estrangeira. O grande e eterno show Brasileirinho que arrebatou o reconhecimento da crítica e hoje é referência de projetos escolares no Brasil. Sem falar no magnífico espetáculo Bethânia e as Palavras (levado primeiramente ao mundo acadêmico, na UFMG), um verdadeiro testemundo de difusão cultural. Um mosaico de ensinamentos que mescla a poesia e a música numa verdadeira aula semiótica em que os signos linguísticos parecem sair magicamente das cordas vocais de Bethânia.
A falta de respeito e ética moral são questões que rondam pessoas inescrupulosas, desprovidas do real sentido do que seja cultura. Percebemos que o ângulo por onde essas pessoas tentam observar é difuso e embaçado. Não leram Stuart Hall nem Homi Bhabha. Precisam se inteirar mais para emitirem juizo tão mesquinho e dissimulado a algo que desconhecem.
Parabenizo pela brilhante e legítimo ideia de um projeto tão grandioso e relevante ao nosso Brasil e ao mundo. O curso de Letras/UAST da Universidade Federal Rural de Pernambuco dá total aquiescência ao projeto O Mundo precisa de Poesia. Precisamos de ações desse tipo para que a poesia seja divulgada e os nossos alunos possam ter contato com o mundo mágico e polissêmico da palavra.
Prof. Dr. Iêdo de Oliveira Paes
Coordenador do Curso de Letras/UAST da Universidade Federal Rural de Pernambuco
Diretor do Fã-Clube Grito de Alerta