30 de abril de 2012

No mar que nos une, sobre o encanto do canto de Maria Bethânia




Maria Bethânia interpreta Chico Buarque, nos informa o cartaz no Coliseu dos Recreios. No mês de maio Maria Bethânia retorna a Portugal, quase um ano depois de ter sido distinguida pela Câmara Municipal de Lisboa com a medalha de mérito (Grau Ouro).

O espectáculo apresentado será adaptado ao que fez ano passado em terras brasileiras no Circuito do Banco do Brasil.

Bethânia retorna, como sempre, única e inigualável na sua interpretação. O mês de maio que por cá sagramos como o mês de Maria, por ser o mês em que se comemora o dia de Nossa Senhora de Fátima, por isso um mês de alegria, de fé e nada melhor para enaltecê-lo do que poder assistir aos espectáculos de Maria Bethânia.

Oásis de Bethânia, seu 50º disco, já chegou em terras lusitanas, onde podemos presenciar uma Bethânia convicta do que é, para que veio e onde é o seu lugar. "Sertão é onde não tem nada. Não tem água. Falta tudo. É um limite que Deus coloca. Para mim, é como se fosse uma fonte, uma nascente pura. Tenho sempre que lembrar que existe esse lugar no meu país. Me bota do tamanho que eu sou. É a vida seca. É o filho de Deus, criado sem apoio, sem ajuda, sem nada. Retrata muito a coisa árida do mundo, e ao mesmo tempo o amor que o sertanejo tem por sua terra".

Um disco forte, sereno, direto como a própria interprete o traduz: "Sempre me comove. Sinto uma coisa forte porque, como artista, sou muito verdadeira, lido com coisas muito finas. Poesia, música, corda vocal, que é mais tênue que um fio de cabelo. O mundo tá grosseiro, sem classe, sem delicadeza, sem querer prestar atenção aos detalhes. Quando vejo o trabalho pronto, é sinal de que eu andei assim mesmo. É o que me conforta e me faz vaidosa. Quando penso que talvez eu fragilize e depois vejo que fiz, é um prazer."

Agora é aguardar o mês de maio chegar, quem sabe com as flores da primavera de Lisboa não teremos nosso jardim mais florido com a sua presença forte em nossos palcos.

Os bilhetes foram postos a venda no passado dia 10 de abril e poucas vagas há neste momento para quem quiser assistir ao evento.


Sua temporada inicia em Viana do Castelo em 6 maio (leituras poéticas), Coliseu do Porto dia 8 de maio (Bethânia Interpreta Chico Buarque), seguindo para Figueira da Foz dia 10 de maio (leituras poéticas) e no dia 12 de maio no Coliseu dos Recreios em Lisboa (Bethânia Interpreta Chico Buarque).

Lilia Trajano (de Portugal).

28 de abril de 2012

15ª Edição do Prêmio "Brazilian International Press Awards"


Maria Bethânia e Diogo Nogueira se encontraram pela primeira vez no Rio de Janeiro (24/04/2012) na Biscoito Fino, ocasião em que o sambista presenteou Bethânia com a caixa que homenageia seu pai, “Samba Book João Nogueira“. O projeto conta com CDs, DVD, livro e partituras do saudoso cantor e compositor. 

O encontro também marcou o reconhecimento do "Brazilian International Press Awards" aos dois artistas pelos melhores shows brasileiros apresentados nos Estados Unidos em 2011. A cerimônia da premiação da 15ª Edição acontecerá no próximo dia 5 de maio em Fort Lauderdale, na Flórida. O evento também homenageará o maestro João Carlos Martins, o escritor Milton Hatoum e outros brasileiros que promovem a imagem positiva do Brasil no exterior.
O Brazilian International Press Awards, que celebra em 2012 quinze anos de realização, foi criado pelo jornalista baiano Carlos Borges que recentemente foi condecorado pela presidente Dilma Rousseff com a medalha da Ordem do Rio Branco pelos serviços prestados a cultura brasileira no exterior. O troféu “o Jornaleiro” é também uma criação baiana. O design do jornaleiro é do artista plástico baiano Romero Luiz, enquanto que a base foi criada pelo designer paulista Artur Moreira.

Bethânia apresentou o show Amor Festa Devoção no dia 11 de novembro de 2011 no Fillmore Miami Beach na Flórida.

25 de abril de 2012

O Mar de Maria Bethânia




                                                                                                             Foto: Ana Basbaum
Texto de Antonio Campos - Jornal do Brasil:

"Parafraseando o músico Tom Jobim, as águas de março fecharam o verão, mas trouxeram, consigo, uma inestimável obra-prima que une a água à arte. E é através de Maria Bethânia que essa união se concretiza, exitosa e infalível, como toda música produzida pela baiana. E mata, assim, a sede dos seus fãs e admiradores que esperavam pelo lançamento do seu novo disco. “Oásis de Bethânia” é a 50ª obra de uma das maiores intérpretes brasileira, que chega, mais uma vez, para mostrar que essa fonte musical e criativa ainda tem muito para nos presentear.

Uma apaixonada declarada pelo mar, irmã do talentoso Caetano Veloso, filha de Dona Canô. Maria Bethânia é uma mulher plural, que transcende a atmosfera mundana e chega aos palcos, elegante, geralmente vestida com tecidos leves e claros, esbanjando simpatia e carinho pelo que faz. Certamente, 50 discos depois, Bethânia tornou-se uma artista ainda mais apurada. O mar, portanto, simboliza, e acompanha, as metamorfoses da intérprete que, por onde passa, canta e encanta.

“Sou humana, mas tenho uma guelra, é no mar que me sinto em casa”, disse Maria Bethânia durante uma entrevista. Mar, água, praia, litoral. E, claro, o Oásis de Bethânia, um deleite para lindas canções. A música, de maneira geral, abraça o mar e o relata em várias composições. Em contraposição, a literatura brasileira, por vezes, esquece do valor do mar que nos rodeia, ao contrário do que a mesma arte literária faz com a temática sertaneja, sendo pródiga ao relatar, por exemplo, o “Grande Sertão”, de Guimarães Rosa. Somos feitos e cercados de água. Levantar esta bandeira é admitir a honra e alegria que temos em viver em um país envolvido por lindas praias e mares vivos e reluzentes.

Além de todo o encargo emotivo e delicado trazido pela nova obra de Maria Bethânia, traz, também, o sentido e significado existente por detrás dos oásis e mares. Bethânia mostra-nos, assim, uma relação de leveza e, ao mesmo tempo, firmeza e precisão, cheia de vida e brandura, que devemos manter com o mar. Afinal, como dizia Guimarães Rosa, perto de água tudo é mais feliz".

* Advogado, Escritor e Membro da Academia Pernambucana de Letras - camposad@camposadvogados.com.br

Fonte: http://www.jb.com.br/antonio-campos/noticias/2012/04/25/o-mar-de-maria-bethania/

8 de abril de 2012

Maria Bethânia disponível na loja on-line da Apple, o iTunes

Captura de tela do iPhone 2Captura de tela do iPhone 1A gravadora Biscoito Fino lançou em parceria com a Mobilevel Comunicações o aplicativo, disponível nos gadgets da Apple (Iphone, Ipod e Ipad), oficial de Maria Bethânia. No aplicativo, há uma rádio exclusiva com grandes sucessos da cantora, um catálogo de músicas que estão à venda no iTunes, além de fotos e informações sobre sua biografia. O novo disco, "Oásis de Bethânia", está incluído no acervo da rádio e suas músicas podem ser compradas no iTunes por dentro do app. “Se é útil para o trabalho, para a música, é interessante", diz Bethânia.

O app marca um novo passo na parceria entre a Mobilevel e Biscoito Fino, iniciada no final de 2011, com a criação da Rádio Biscoito Fino. Toda a plataforma de software foi desenvolvida pela Mobilevel, com a gravadora fornecendo o conteúdo. “Optamos por começar pela Maria Bethânia pelo fato de ser uma artista consagrada, que está lançando seu disco de número 50. A partir da recepção a esse projeto, conseguiremos levantar melhor as perspectivas de mercado e as possibilidades de ganhos a partir daí”, disse Emerson Frossard, sócio-diretor da Mobilevel.
 
Em termos de modelo de negócio, a Biscoito Fino ganha por meio dos downloads de canções no iTunes: o app da cantora (que é disponibilizado gratuitamente na App Store) tem um link que leva à loja virtual, permitindo-se a compra das músicas em catálogo. “A navegação é toda grátis, assim como a audição das músicas na rádio. Mas sempre que o ouvinte ouvir uma música e quiser comprá-la, poderá clicar em um link que o levará direto ao iTunes”, explica Frossard.

Seções do aplicativo:

- Rádio;
- Vitrine;
- Fotos exclusivas;
- Biografia.

6 de abril de 2012

Poesia











Foto DARYAN DORNELLES

Oásis de Bethânia
Faça de conta que sou sua água.
Beba-me quando em deserto se encontrar.
E em meio à espessura escarpada das areias
Que encontre em mim, a recôndita paz de um oásis.

Imagine que sou sereia.
Lamba meu corpo permeado de escamas
Todas as vezes que de voz precisar.
Assim, serei o seu canto, e todos que de você se aproximar, do meu encanto provará.

De vez em quando, faça-me sua poesia.
Dedilhe em mim os seus dedos embriagados de versos
Os seus lábios sedentos de clamor poético
E os seus sonhos rechaçados por concretos.

Brinque de deus que eu serei o seu divino papiro.
Em mim poderá escrever as belezas que contempla
Os prazeres que te aprisionam
E os bálsamos que te embalam.
 
Faça-me, pois, tua.
E o seu melhor espetáculo
Prometo representar no palco do tempo
Onde, embora muitas vezes caluniada e maldita, também sou a bênção para o seu esplendor.

Daniella Paula Oliveira

1 de abril de 2012

Maria Bethânia: “A carapuça está aí para quem quiser”

A Revista Época (edição nº 724 de 2 abril 2012) trouxe uma entrevista com Maria Bethânia que fala sobre seu novo cd "Oásis de Bethânia" e outros assuntos. Confiram o texto da jornalista Martha Mendonça:

TOM INTIMISTA A cantora Maria Bethânia. “Em meu novo CD, quis recriar uma sensação de deserto, de aridez, de sertão. Por isso, chamei poucos músicos” (Foto: Daryan Dornelles/ÉPOCA)

(Foto: Daryan Dornelles/ÉPOCA)
"Há exatamente um ano, a cantora Maria Bethânia viu seu nome envolvido numa polêmica sobre o uso de recursos públicos em cultura. Um blog que traria a artista declamando poesias em 365 vídeos, dirigido pelo cineasta Andrucha Waddington, recebeu autorização do Ministério da Cultura para captar R$ 1,3 milhão. Os patrocinadores, de acordo com a Lei Rouanet, seriam beneficiados com descontos nos impostos. As críticas repercutiram forte e negativamente nas redes sociais. Na ocasião, Bethânia preferiu se calar – e acabou desistindo do projeto. Agora, ao divulgar o 50º álbum de sua carreira, Oásis de Bethânia, ela fala sobre o assunto. Em um texto incluído numa das faixas do CD, parece dar uma resposta às críticas. Eu não provo do teu fel, eu não piso no teu chão, e pra onde você for, não leva o meu nome, não. Pela primeira vez, ela assina a criação geral de um trabalho, dividido com o baixista Jorge Helder. Aos 65 anos, diz que, apesar de estar o tempo todo escrevendo, não gostaria de se dedicar à literatura, como o amigo Chico Buarque, nem a textos de opinião, como o irmão, Caetano Veloso. Bethânia recebeu ÉPOCA na gravadora Biscoito Fino, numa bela casa no bairro do Humaitá, na Zona Sul do Rio de Janeiro.
ÉPOCA – Em seu novo disco, há uma letra que diz: Não mexe comigo, que eu não ando só/Não ando no breu, não ando na treva/Eu não provo do teu fel, eu não piso no teu chão, e pra onde você for, não leva o meu nome, não. O que isso tem a ver com as críticas ao projeto de seu blog de poesias no ano passado?
Maria Bethânia –
 Você quer saber se é uma resposta? Olhe, tenho 65 anos de idade e 47 de carreira. Desde que estreei, meus trabalhos foram elogiados ou pelo menos respeitados. Nasci em família humilde em que a ética era a chave de nossa educação, de nossa vida. Um dia devem ter pensado: que saco, essa mulher não pisa na bola! E acharam que era uma oportunidade. Esse texto da canção “Carta de amor” escrevi num momento de solidão, na época em que aconteceram esse massacre e essa grosseria. O ano passado foi difícil também pela morte de minha irmã. Então o texto saiu assim. Não sei se é uma resposta, mas, quem quiser vestir a carapuça, está aí.
ÉPOCA – Você sabia das cifras de captação do blog, R$ 1,3 milhão?
Maria Bethânia –
 Recebi um convite e aceitei. Optaram por um blog porque queriam a agilidade e o alcance que o meio permite. Mas, apesar de ser um blog, não era algo simples. Eram 365 vídeos, um para cada dia do ano, num projeto que envolvia teatro, equipamentos, músicos, edição, luz, uma artista, direitos autorais. Botaram no papel e, de alguma forma, chegaram a isso. Não sou eu que vou dizer se é muito ou pouco. Entraria declamando a poesia. Mas certamente, se não fosse meu nome envolvido, ninguém falaria tanto.
ÉPOCA – Você se assustou quando viu a repercussão?
Maria Bethânia –
 Na verdade, não vi, porque não sou ligada em internet, nada disso. As pessoas me contaram. Não estou acostumada a lidar com a estupidez. Meu trabalho é muito delicado para ser, assim, espezinhado. Cantar é muito delicado, a corda vocal é mais fina que um fio de cabelo. Mas a verdade é que hoje nem falo sobre o que aconteceu com seriedade, com um tom de gravidade. O assunto não merece.
ÉPOCA – Você não usa a internet?
Maria Bethânia –
 Não gosto, uso muito pouco. Sou careta, antiga, fora de moda. Tenho um e-mail, só para trabalho mesmo, em que respondo “sim”, “não”, “talvez”. Inclusive a gravadora me sugeriu fazer a divulgação do disco só pela internet, como fizeram Chico Buarque e outros. Eu disse que não. Não sei fazer isso. O que sei é conversar com as pessoas, responder ao que me perguntam ali, cara a cara. E me dá prazer falar de algo de que gosto.
ÉPOCA – Acabou de ser lançado um aplicativo para smartphone com sua obra...
Maria Bethânia – 
Por favor, não me pergunte nada disso. Não sei de nada, não olho. Gosto de ter as coisas. De cheirar a capa dos livros, de manusear os encartes dos discos. Acho horrorosa a coisa virtual.
ÉPOCA – Você está lançando o 50º disco. Qual é a sensação de um trabalho tão longevo?
Maria Bethânia – 
Não fico fazendo contas, não sou nem um pouco ligada nos números. Acho engraçado. Isso também é porque lanço muitos discos ao vivo, dos shows, que adoro. Brinco que sigo cuidando dessa personagem, a cantora. Alimento a cantora, dou banho na cantora, cuido da voz da cantora, da mãe da cantora...
Sou careta, antiga, fora de moda. Uso pouco a internet, não gosto. Tenho um e-mail, só para trabalho mesmo, em que respondo ‘sim’, ‘não’, ‘talvez’ "

ÉPOCA – Você diz que no último ano se sentiu muito sozinha. Por isso também produziu seu próprio disco?
Maria Bethânia –
 Meu impulso foi, desta vez, fazer sozinha, recriar uma situação de deserto, sertão, aridez. Mas também de autoconhecimento, testar meus limites e minha fé. Então não quis muitos músicos, banda, produtor, diretor musical. O Jorge Helder, meu baixista, baixista do Chico, assina comigo porque me deu o amparo de que eu precisava. Ele é um ótimo professor e, por ser baixista, está acostumado a, até musicalmente, acompanhar, mais que estar à frente. Queria voz e um instrumento.
ÉPOCA – O disco é muito eclético, tem Djavan, Paulo César Pinheiro, Dalva de Oliveira.
Maria Bethânia –
 Djavan não escrevia uma canção para mim desde 1978! Pedi a ele que fizesse algo, do jeito que preferisse, e ele me mandou essa coisa linda, que se chama “Vive”. Dalva de Oliveira faz parte do meu repertório pessoal. Uma intérprete maravilhosa, admirável. Tem também “Lágrima”, do repertório de Orlando Silva, a quem tive o prazer de ver cantar, já velhinho. São coisas que canto desde sempre, em casa, que fazem parte do repertório do meu dia a dia, embora nem sempre grave. Paulo César é um grande poeta e um grande amigo. E colocou a música em “Carta de amor”, entremeada com meu texto, de uma forma perfeita.
ÉPOCA – Você diz que está sempre escrevendo. Nunca pensou em se arriscar na literatura, como Chico Buarque e seu irmão Caetano?
Maria Bethânia – 
Não. Por favor, não me dê ideias! Ferreira Gullar diz que a arte existe porque a vida não basta. Chico e Caetano, além da vida e da arte, escrevem além da canção porque não cabem apenas no compositor. Eu não. Estou cabendo muito bem na cantora. Quando éramos jovens, Caetano sempre me dizia que eu nunca parasse de escrever. E nunca parei. Agora mesmo rabisquei várias coisas aqui (mostra um caderninho). Mas o que escrevo não é para muita gente ver. Isso aqui são meus silêncios.
ÉPOCA – Quando não está trabalhando, você some, leva uma vida discreta. Onde descansa?
Maria Bethânia –
 Em casa, em Salvador, em Santo Amaro, vários lugares. Mas adoro o Rio de Janeiro. Assim que a divulgação do disco acabar, vou tomar uma cerveja no restaurante Pérgula, do hotel Copacabana Palace. Acho lindo aquilo lá. Lembra o tempo em que vim as primeiras vezes para o Rio e me apaixonei por aquele bairro. Mas gosto de ser discreta. A vitrine me cansa demais. Tenho horror a exposição. Às vezes, no avião, vejo essas revistas de famosos e estremeço. É todo mundo o tempo todo. É muito. Não sei como não dá cansaço. Em quem vê e em quem aparece.
ÉPOCA – Com 65 anos, você chegou à terceira idade. Como se cuida?
Maria Bethânia –
 Eu e meus irmãos demos sorte. Os Viana Velosos têm esse corpinho seco, esguio, saudável. Como de tudo um pouco, sem exageros. Gosto de comida caseira, não muito sofisticada. No mais, tenho outra sorte: não gosto de doce.
ÉPOCA – Sua mãe, Dona Canô, está com 104 anos. Você pensa em chegar lá?
Maria Bethânia –
 Não chego, não. Minha mãe teve outra vida, em outro lugar. Teve uma trajetória linda, casou-se com um homem lindo, foram apaixonados, tiveram oito filhos amados. Nem tenho o desejo de chegar tão longe. E minha mãe tem outra coisa: ela adora viver. Já eu... Minha mãe sempre repete para mim: ‘Você vive essa vida de cantora, quieta, triste’. É essa a ideia que ela tem. Minha mãe tem um temperamento de muita conversa, de casa cheia. Talvez vivesse mais se fosse como Caetano, mais suave. Mas não sou. Se falo baixo e devagar, tem alguma coisa errada. Sou de Iansã. Eu grito."